Histórias da Vida
Por Sidnei Coelho
Adaptação do conto de Izete Maia
Por Sidnei Coelho
Adaptação do conto de Izete Maia
A Artista dos Quitutes
Em minhas andanças estive com muitas pessoas e isso me ajudou a fazer boas amizades. Com elas encontrei motivos para sorrir e também para me emocionar. Lembro-me quando ouvi a história de uma senhora humilde, alguém que mesmo sendo simples, era iluminada. Existe nesse mundo muitas pessoas com um dom maravilhoso, uma capacidade que as vezes nem mesmo a própria pessoa consegue perceber. São pessoas que simplesmente fazem, sem nunca se dar conta de sua grandeza.
Esse é um desses causos. Vou falar de uma pessoa que se achava menor, mas que na verdade apenas não conhecia a grandeza dos seus atos.
E tudo aconteceu mais ou menos assim...
...era um entardecer diferente, maravilhoso como todos os outros, porém, foi um dia para não ser esquecido. A rotina daquela senhora foi a mesma de sempre. Correria e muito esforço para vencer as batalhas da vida. Se nunca faltou esforço em seu dia-a-dia, também não faltou suor. Aquela era uma pessoa que nunca teve facilidade em suas batalhas e talvez seja essa a primeira lição que nos passou. Ela nunca desanimou e não deixou de seguir em frente mesmo quando tudo parecia ainda mais difícil.
Ela chegou na escola esbaforida, mas enfim, chegou! Pode até ser que ela estivesse atrasada, como muitas outras vezes, mas o importante é que estava sempre presente na vida daquele menino sonhador.
Como eu disse, aquele foi um dia de festa. Os alunos receberam um grande presente, quando os seus pais marcaram presença para contar um pouco sobre os seus ofícios. Marinete por sua vez, não sabia muito bem o motivo de estar ali, (sim, esse era o seu nome), não naquela tarde, mas isso não importava, pois como dito, ela nunca se ausentava.
Ela enxugou o suor do rosto e em seguida caminhou apressada carregando o seu inseparável cesto de quitutes debaixo do braço. Não demorou para avistar o filho aguardando na entrada do auditório. Ele deu um abraço apertado na mãe e ficou com um sorriso largo no rosto. — o menino estava muito feliz.
Eles ficaram de pé no fundo do auditório — talvez não houvesse mais assentos livres, ou talvez ela tenha preferido assim, vai saber!. — Foi de lá que ouviram as histórias dos pais dos amigos de Fernandinho (esse era o nome do seu filho). Um a um eles subiram no palanque e contaram um pouco sobre as suas rotinas e profissões.
O Sr. Antônio fazia pães, ele era a terceira geração da família a manter viva a tradição que passava de pai para filho. Dona Lucia era manicure e, além das suas próprias histórias, tinha muito a partilhar sobre o que escutava das suas clientes. Seu Demerval era taxista e assim como a amiga manicure, também possuía um vasto conhecimento que era adquirido com os seus incontáveis passageiros.
Enquanto um a um subiam para narrar as suas histórias, no fundo do auditório, ainda de pé, o menino insistia com um pedido.
— Vai mãe! Vai lá contar o que a senhora faz.
— Oxente menino, sossegue! Eu não vou a lugar nenhum, quanto mais contar histórias. — ela olhou para baixo — Eu nem sei contar histórias.
— Vai mãe, vai lá. — ele insistia, ignorando as recusas e puxando a barra da blusa da mãe, sem se importar com as respostas negativas.
O tempo foi passando e a cada nova subida de um familiar dos amiguinhos, um novo e insistente pedido acontecia. E de tanto insistir, a mãe olhou para o menino, franziu a testa, o segurou pela mão e seguiu pelo corredor lateral até parar de frente para os degraus que levavam ao palanque. E lá, de pé, estava uma professora que recepcionava os pais dos alunos.
— Oxe professora, a senhora me ajuda por favor.
— O que a senhora precisa, Dona Marinete? — perguntou Marcia, sorrindo.
— É este menino! Ele está me importunando. Insiste que eu venha falar o que sei fazer, mas eu já falei que não sei fazer nada. — ela fez uma pausa — Mesmo assim não adianta, o danado é teimoso e fica repetindo para eu subir nesse palanque. Se a senhora disser que realmente não sei, talvez ele sossegue.
A professora olhou para Dona Marinete e em seguida perguntou.
— O que a senhora tem aí nesse cesto?
— Não é nada, são apenas os meus quitutes. Mas não sobraram muitos, eu já vendi quase tudo.
A professora pediu para olhar dentro do cesto e, após observar atentamente por alguns segundos, perguntou:
— Quem é que faz tudo isso?
— Oxe. Sou eu! Tem ninguém para fazer nada para mim não.
— E a senhora faz essas belezuras e ainda tem coragem de dizer que não sabe fazer nada? — a professora colocou as duas mãos na cintura e apenas ficou olhando, sem que Dona Marinete respondesse.
A partir daquele instante a atenção foi toda dela. Dona Marinete se viu rodeada de professores, de muitos pais e também de alunos. Todos ficaram encantados com o que viram. Os quitutes, embalados cuidadosamente, além de muito gostosos, eram também uma verdadeira obra de arte.
Aquela foi uma tarde para nunca mais se esquecer. A simplicidade ganhou destaque, pois todos ficaram encantados com a capacidade daquela senhora, que mesmo sem perceber, fazia coisas maravilhosas.
E o menino sonhador, aquele mesmo que insistiu para que a sua mãe fosse falar da sua capacidade, sorriu por também poder ouvir a história vencedora da mulher mais importante de sua vida.
Esse é um desses causos. Vou falar de uma pessoa que se achava menor, mas que na verdade apenas não conhecia a grandeza dos seus atos.
E tudo aconteceu mais ou menos assim...
...era um entardecer diferente, maravilhoso como todos os outros, porém, foi um dia para não ser esquecido. A rotina daquela senhora foi a mesma de sempre. Correria e muito esforço para vencer as batalhas da vida. Se nunca faltou esforço em seu dia-a-dia, também não faltou suor. Aquela era uma pessoa que nunca teve facilidade em suas batalhas e talvez seja essa a primeira lição que nos passou. Ela nunca desanimou e não deixou de seguir em frente mesmo quando tudo parecia ainda mais difícil.
Ela chegou na escola esbaforida, mas enfim, chegou! Pode até ser que ela estivesse atrasada, como muitas outras vezes, mas o importante é que estava sempre presente na vida daquele menino sonhador.
Como eu disse, aquele foi um dia de festa. Os alunos receberam um grande presente, quando os seus pais marcaram presença para contar um pouco sobre os seus ofícios. Marinete por sua vez, não sabia muito bem o motivo de estar ali, (sim, esse era o seu nome), não naquela tarde, mas isso não importava, pois como dito, ela nunca se ausentava.
Ela enxugou o suor do rosto e em seguida caminhou apressada carregando o seu inseparável cesto de quitutes debaixo do braço. Não demorou para avistar o filho aguardando na entrada do auditório. Ele deu um abraço apertado na mãe e ficou com um sorriso largo no rosto. — o menino estava muito feliz.
Eles ficaram de pé no fundo do auditório — talvez não houvesse mais assentos livres, ou talvez ela tenha preferido assim, vai saber!. — Foi de lá que ouviram as histórias dos pais dos amigos de Fernandinho (esse era o nome do seu filho). Um a um eles subiram no palanque e contaram um pouco sobre as suas rotinas e profissões.
O Sr. Antônio fazia pães, ele era a terceira geração da família a manter viva a tradição que passava de pai para filho. Dona Lucia era manicure e, além das suas próprias histórias, tinha muito a partilhar sobre o que escutava das suas clientes. Seu Demerval era taxista e assim como a amiga manicure, também possuía um vasto conhecimento que era adquirido com os seus incontáveis passageiros.
Enquanto um a um subiam para narrar as suas histórias, no fundo do auditório, ainda de pé, o menino insistia com um pedido.
— Vai mãe! Vai lá contar o que a senhora faz.
— Oxente menino, sossegue! Eu não vou a lugar nenhum, quanto mais contar histórias. — ela olhou para baixo — Eu nem sei contar histórias.
— Vai mãe, vai lá. — ele insistia, ignorando as recusas e puxando a barra da blusa da mãe, sem se importar com as respostas negativas.
O tempo foi passando e a cada nova subida de um familiar dos amiguinhos, um novo e insistente pedido acontecia. E de tanto insistir, a mãe olhou para o menino, franziu a testa, o segurou pela mão e seguiu pelo corredor lateral até parar de frente para os degraus que levavam ao palanque. E lá, de pé, estava uma professora que recepcionava os pais dos alunos.
— Oxe professora, a senhora me ajuda por favor.
— O que a senhora precisa, Dona Marinete? — perguntou Marcia, sorrindo.
— É este menino! Ele está me importunando. Insiste que eu venha falar o que sei fazer, mas eu já falei que não sei fazer nada. — ela fez uma pausa — Mesmo assim não adianta, o danado é teimoso e fica repetindo para eu subir nesse palanque. Se a senhora disser que realmente não sei, talvez ele sossegue.
A professora olhou para Dona Marinete e em seguida perguntou.
— O que a senhora tem aí nesse cesto?
— Não é nada, são apenas os meus quitutes. Mas não sobraram muitos, eu já vendi quase tudo.
A professora pediu para olhar dentro do cesto e, após observar atentamente por alguns segundos, perguntou:
— Quem é que faz tudo isso?
— Oxe. Sou eu! Tem ninguém para fazer nada para mim não.
— E a senhora faz essas belezuras e ainda tem coragem de dizer que não sabe fazer nada? — a professora colocou as duas mãos na cintura e apenas ficou olhando, sem que Dona Marinete respondesse.
A partir daquele instante a atenção foi toda dela. Dona Marinete se viu rodeada de professores, de muitos pais e também de alunos. Todos ficaram encantados com o que viram. Os quitutes, embalados cuidadosamente, além de muito gostosos, eram também uma verdadeira obra de arte.
Aquela foi uma tarde para nunca mais se esquecer. A simplicidade ganhou destaque, pois todos ficaram encantados com a capacidade daquela senhora, que mesmo sem perceber, fazia coisas maravilhosas.
E o menino sonhador, aquele mesmo que insistiu para que a sua mãe fosse falar da sua capacidade, sorriu por também poder ouvir a história vencedora da mulher mais importante de sua vida.
A moral dessa história é que todos temos um dom. É muito certo que ninguém sabe tudo, assim também como não há ninguém que não saiba fazer algo. Neste mundo, todos somos alguém e, certamente, há um lugar ao sol para cada um de nós.
Fim
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